6.10.12

AIDS: Estudo pode ter descoberto a vacina contra a doença

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, abriu um novo caminho no trabalho de descoberta de uma vacina contra a aids. O estudo teve como base as pessoas que possuem o vírus da doença, mas que por algum motivo impedem que ele se reproduza no organismo, embora possam infectar outras pessoas. Uma em cada 300 pessoas no mundo infectadas pelo vírus HIV tem essa característica genética que impede o desenvolvimento da aids. Elas são chamadas de controladoras de elite. A diferença desse estudo para outros é que agora os pesquisadores estão trabalhando em cima das células, e não de anticorpos. Participam do estudo quatro pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, ligada ao Ministério da Saúde. Eles usaram a vacina contra a febre amarela, desenvolvida no Brasil, como base para criar uma vacina contra a aids em macacos. Quase cem macacos foram vacinados e expostos ao vírus, mas a AIDS não se desenvolveu. Essa vacina estimulou a produção de células que matam os glóbulos brancos contaminados com o vírus da aids, evitando que ele se reproduza. É o que explica a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz e uma das colaboradoras do estudo, Myrna Bonaldo. "Essas células reconhecem a célula que o vírus está crescendo, proliferando e ataca essas células. É como se ela estivesse destruindo o mal pela raiz, elas está atacando a fabricação do vírus. Então ela reconhece qual é a célula que está infectada pelo SIV ou pelo HIV. SIV no caso do macaco e o HIV no caso do homem, e ela ataca especificamente essa célula. Então a carga viral diminui, e a carga viral diminuindo implica em que a pessoa não desenvolva a doença, apesar dela ser portadora do vírus. Mas isso é importante porque ela não vai em um quadro da doença”, explica. O diretor do departamento de DST, aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, conta que o estudo está em fase inicial e que uma vacina contra aids poderá se tornar realidade talvez só daqui há dez anos. Ele reconhece a importância do estudo, mas lembra que uma possível vacina contra a aids não vai eliminar a doença, e sim evitar que ela se desenvolva, permitindo que os pacientes não tenham sintomas. "Se a gente começa descobrir nichos onde você pode atacar o vírus, porque ele tem sido evasivo nesses anos todos, é um caminho promissor. É um caminho longo, mas certamente vai ser uma expectativa importante e se conseguir realmente vai ser uma grande vitória para todos. Certamente esse não vai eliminar a aids, mas vai eliminar uma das coisas importantes que é o não desenvolvimento da doença em pessoas infectadas. Nós continuamos com o Ministério da Saúde cada vez mais investindo no diagnóstico, que é importantíssimo a pessoa saber se está infectada ou não, no tratamento, expandindo tudo que puder, facilitando que os medicamentos estejam disponíveis e lembrando as pessoas que tem que usar preservativo mesmo em qualquer situação", fala. O estudo contribui para que se descubra o que é importante no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a aids. Se o estudo der certo, o Brasil, que é o maior produtor de vacina contra a febre amarela, tem chances de também produzir uma vacina contra a aids. http://www.primeirahora.com.br/site/noticia/60969/aids-estudo-pode-ter-descoberto-a-vacina-contra-a-doenca---