Uma terapia experimental que consegue "treinar" as células imunitárias
dos pacientes e fazê-las reconhecer uma forma de leucemia muitas vezes
fatal foi capaz de encolher tumores e fazer o cancro entrar em remissão
em doentes adultos. O sucesso do procedimento foi dado a conhecer
através de um estudo norte-americano publicado recentemente.
Embora uma abordagem semelhante já tenha tido resultados prometedores
em crianças com este tipo de cancro, é a primeira vez que esta terapia
em particular funciona em pacientes em idade adulta. Segundo os
investigadores do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, nos EUA,
responsáveis pelo estudo, a nova terapia tem "potencial para salvar
vidas".
Este tratamento experimental foi utilizado no combate à leucemia
linfóide aguda, um tipo de cancro nas células sanguíneas que é, muitas
vezes, resistente à quimioterapia e que pode matar em apenas semanas.
Normalmente, a doença tende a ser mais comum em crianças, mas é
especialmente mortal para os adultos.
Durante o estudo, que envolveu cinco pacientes, os cientistas
trabalharam com as células T, uma espécie de glóbulos brancos que atacam
'invasores' previamente programados pelo organismo e que conseguem
reconhecer. Porém, uma vez que não conseguem identificar células de
patologias como o cancro ou vírus como o HIV, são incapazes de impedir
as doenças.
Os especialistas norte-americanos, co-coordenados por Michel Sadelain,
decidiram extrair as células T de pacientes com 23, 58, 56, 59 e 66 anos
e misturaram-nas com um vírus inofensivo que as programou de três
formas diferentes.
Células T reprogramadas mataram leucemia
Células T reprogramadas mataram leucemia
Primeiro, as células foram treinadas para reconhecer sinais das células
da leucemia (denominados CD19), depois, foram instruídas a matar todas
as células do género que encontrassem e, finalmente, tornaram-se mais
resistentes graças à ação do vírus, sobrevivendo por mais tempo no
organismo.
Depois de um período de 10 a 12 dias, as células T "reprogramadas"
voltaram a ser colocadas nos respetivos pacientes e, em quatro destes, a
leucemia tornou-se indetetável após 18 a 59 dias. Um dos pacientes
alcançou mesmo a remissão depois de somente oito dias de tratamento, um
resultado surpreendente para os investigadores.
"As células T são fármacos vivos", afirma Sadelain, citado pela agência
Reuters, acrescentando que estas "detetam o CD19, matam as células
cancerígenas e conseguem manter-se no no organismo".
No entanto, o tratamento não é fácil para os pacientes - depois da
reinserção das células T modificadas, um dos voluntários desenvolveu uma
febre altíssima e uma pressão arterial muito elevada, sintomas
habituais em consequência deste tipo de procedimento mas que podem ser
controlados com recurso a esteróides.
Os cientistas estão, agora, a angariar fundos para trabalhar num estudo
mais amplo, com 50 ou mais pacientes, não apenas no centro
Sloan-Kettering mas também noutras instituições de investigação
relacionadas com o cancro, como o Dana-Farber Cancer Institute, em
Boston.
Até ao momento, os cientistas norte-americanos, cujo trabalho foi
recentemente publicado na revista Science Translational Medicine, já
trataram três outros pacientes além destes e acreditam que os resultados
teriam sido ainda melhores se a terapia tivesse sido iniciada numa fase
precoce da doença.Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).
http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Leucemia-Terapia-experimental-poder%C3%A1-salvar-vidas_15006.html#.UUtWvDc3Rdg