Pesquisadores brasileiros deram mais um passo para a obtenção de uma vacina anti-HIV.
Cientistas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) testaram em primatas uma
vacina com 18 fragmentos do HIV (causador da Aids) e constataram que o
sistema imunológico dos primatas – parecido com o dos humanos –
conseguiu se fortalecer para combater o vírus.
Segundo o pesquisador Edécio
Cunha-Neto, do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração,
ligado à USP, o resultado é considerado positivo, pois se mostrou mais
eficaz que os experimentos feitos com camundongos que tiveram o DNA
modificado para imunologia similar à dos seres humanos.
“A pior e a melhor respostas
obtidas nos testes com macacos foram de quatro a dez vezes maiores que
os resultados com os camundongos”, disse o especialista ao G1.
Na prática, o sistema
imunológico dos primatas, mais parecido com o dos humanos, ficou mais
fortalecido para combater o vírus da Aids em caso de contaminação.
O objetivo dos pesquisadores é
chegar o mais próximo da realidade humana, até que os testes clínicos
com pessoas, previstos para começar em três anos, tenham início.
Projeto de longo prazo
O desenvolvimento desta
vacina começou em 2002 e se baseia premissas jamais pesquisadas no
mundo. O imunizante contido nela, batizado de HIVBr18, foi desenvolvido e
patenteado pela USP.
Para criá-la, os
pesquisadores resolveram identificar fragmentos do HIV que pudessem
desencadear uma reação ao vírus no corpo humano, por meio de um
software. Foram encontrados 18 e todos eles foram embutidos na vacina de
DNA.
Em testes feitos com
camundongos, e agora com os macacos, esses fragmentos, chamados de
peptídeos, se mostraram eficazes em gerar uma reação para combater o
vírus HIV.
A próxima etapa dos testes
deve acontecer com outros 28 primatas ao longo de 24 meses. Eles serão
divididos em quatro grupos e receberão duas ou três doses da vacina, com
diferentes combinações de três vetores virais (adenovírus 68, que causa
resfriados em chimpanzés; vírus da vacina da febre amarela e um
derivado da vacina da varíola).
A equipe acredita que os
fragmentos de HIV contidos na vacina já sejam suficientes para o
hospedeiro (macaco) combater uma infecção.