Uma vacina totalmente brasileira contra o vírus HIV em estudo, há dez
anos, pela equipe do professor doutor Edecio Cunha Neto, da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) tem previsão de ser testada
em humanos em até três anos. Em uma fase primária, a pesquisa utilizou
camundongos para testar a resposta aos fragmentos do HIV. Em setembro de
2013, os cientistas começaram a usar macacos.
“A resposta tem
sido amplamente positiva e acreditamos que, em até três anos, passaremos
a fazer testes em humanos”, afirma Edecio Cunha Neto, que à convite da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte fez palestra sobre a vacina.
O encontro aconteceu às 9h desta quarta-feira (9) no Anfiteatro das
Aves, no Centro de Biociências.
O trabalho de pesquisa para
encontrar a vacina do HIV possui o apoio das agências de financiamento
do Governo e do Ministério da Saúde. Até o momento, foram consumidos
cerca de R$1 milhão. Acompanhe entrevista que a TRIBUNA DO NORTE fez com
o cientista Edécio Cunha Neto.
Qual a diferença desta vacina para as outras?
Existem
duas diferenças básicas deste estudo para os outros. A primeira é que
são premissas diferentes. Foram usadas as regiões mais conservadas do
HIV, para que tivesse eficácia mesmo com isolados do DNA, servindo para
outros subtipos do vírus. A segunda é que a vacina pudesse amplificar o
trabalho de reconhecimento do vírus, independente da genética,
observando-o através do sistema imunológico.
Quais os destaques da pesquisa?
É
uma pesquisa de origem totalmente brasileira. Ao todo, já são 12 anos
de estudos. E tivemos ótimos resultados com macacos, o que nos
surpreendeu, pois, não é comum primatas reagirem tão bem nessa
mobilidade.
Atualmente, o trabalho de pesquisa envolve quantas pessoas?
Nossa equipe principal de estudo conta com 8 profissionais, mas, entre colaboradores, chegamos a 15 pessoas.
O estudo foi todo desenvolvido na USP?
Boa
parte dele sim. No início do trabalho, houve alguns procedimentos nos
Estados Unidos, porém, atualmente, todos os estudos são feitos nos
laboratórios da USP.
Os testes, em uma primeira etapa, são realizados em animais. Que espécies já foram usadas?
Iniciamos
os estudos utilizando camundongos, em uma fase primária, onde
vacinamos para testar a resposta aos fragmentos do HIV. Em setembro de
2013 começamos a usar macacos. A resposta tem sido amplamente positiva e
acreditamos que, em até três anos, passaremos a fazer os testes em
humanos.
Houve alguma reação adversa em determinado momento?
Não. Nesses últimos 12 anos todos os estudos têm apresentado resultados positivos, sem reações adversas.
Qual o próximo passo?
Agora
passaremos aos testes mais caros. Nesse momento, esperamos a chegada de
um contêiner com maior biossegurança, para dar continuidade ao estudo.
Também queremos testar novas combinações do vírus.
Qual o trabalho de atuação da vacina?
A
vacina produz antígenos que o sistema imune usa como etiqueta de
identificação. Ela também usa o linfócito T CD4, que funciona como um
general dentro do organismo e reconhece os parasitas. Através disso,
inicia-se o trabalho de combate ao vírus.
Existe alguma previsão de mercado no caso da continuidade dos bons resultados?
Ainda não. Não há como mensurar uma previsão de mercado.
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/vacina-contra-hiv-avanca-na-usp/278857