Eutanásia, aborto e terapia ortomolecular são alguns dos assuntos que
geram polêmica em torno da saúde. Entretanto, eles não são os únicos.
Nas últimas semanas, um novo tema tem chamado a atenção e até mesmo
despertado preocupação entre os médicos. Trata-se da auto-hemoterapia.
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a auto-hemoterapia
A prática da chamada auto-hemoterapia é definida como um recurso
terapêutico de baixo custo, simples, que consiste em retirar o sangue de
uma veia e aplicar no músculo da própria pessoa da qual o sangue foi
retirado, estimulando assim o Sistema Retículo-Endotelial.
O tratamento que vem sendo apresentado por meio de vídeos em várias
cidades brasileiras não foi reconhecido como prática legal pela
Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH).
Segundo Carlos Chiattone, presidente da Sociedade Brasileira de
Hematologia e Hemoterapia e professor de Hematologia da Santa Casa de
São Paulo, a principal questão que deve ser levada em conta não é o fato
de as pessoas serem a favor da auto-hemoterapia ou contra ela e, sim, a
falta de fatos científicos.
"Não existem estudos que comprovem a efetividade do procedimento, como
também não há fatos que indiquem riscos ou não. O problema é que o
tratamento tem sido sugerido como um medicamento para todas as doenças, o
que não pode ser correto por se tratar de diagnósticos diferentes",
afirma Chiattone.
A SBHH, frente a inúmeros questionamentos recebidos, tanto por parte de
profissionais médicos como não médicos, esclareceu em nota à imprensa
que não reconhece a prática do ponto de vista científico.
Ainda segundo a SBHH, por não existirem informações científicas sobre o
referido procedimento, são desconhecidos os possíveis efeitos colaterais
e complicações desta prática, podendo colocar em risco a saúde dos
pacientes a ela submetidos.
Para Chiattone, os pacientes podem correr riscos de infecção do sangue
ao entrar em contato com os microorganismos do ar e também causar
absessos no local em que foi feita a aplicação.
De acordo com médico hemoterapeuta da Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Luís Henrique Susa Mihara, as pessoas
não podem esquecer que todo tratamento deve passar por uma recomendação
médica.
"A polêmica em torno da auto-hemoterapia tem sido muito grande. Os
pacientes precisam consultar seus médicos. Tratamentos de doenças graves
têm sido interrompidos em nome da auto-hemoterapia. É preciso bom senso
e cautela", afirma Mihara.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, também publicou, em
13 de abril de 2007, uma nota proibindo aos médicos a utilização de
práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.
O procedimento da auto-hemoterapia pode ser considerada uma infração
sanitária, estando sujeita às penalidades e punição de seus
responsáveis.
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