A pesquisadora Brenda Hoagland, especialista em HIV, que trabalha no
Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), aborda abaixo as
dúvidas mais comuns sobre o assunto. Ela discorre sobre os sintomas do
HIV, a atuação do vírus no organismo, como a pessoa saber se contraiu o
vírus e outras. A seguir, as questões mais frequentes sobre o tema e a
importância de fazer o teste.
A infecção aguda pelo vírus HIV, também chamada de síndrome
retroviral aguda, é um quadro semelhante à gripe, que surge de duas a
quatro semanas após o paciente ter sido contaminado. Nem todos os
pacientes recém-infectados apresentam uma fase aguda e muitos dos que
apresentam o fazem de forma não específica, com sintomas semelhantes aos
de qualquer uma das várias viroses respiratórias comuns ao ser humano. A
infecção aguda pelo HIV é o período de tempo imediatamente depois do
contato com o vírus da imunodeficiência humana. Nesse período, nos dias
imediatamente posteriores à infecção, a multiplicação do HIV é
extremamente rápida e o vírus faz muitas cópias de si mesmo, levando a
uma quantidade extremamente alta de HIV no sangue (essa quantidade de
vírus no sangue é chamada de carga viral). Durante o período é
frequentemente muito alta, porque as defesas do corpo ainda não tiveram
tempo suficiente para responder ao vírus. À medida que a quantidade de
HIV aumenta no corpo, um grande número de glóbulos brancos, chamados de
células T CD4 +, responsáveis pela defesa do corpo, são destruídas. Ao
longo do tempo, a infecção pelo HIV provoca uma grande diminuição no
número e na qualidade de células T CD4 + no corpo, enfraquecendo o
sistema imunológico.
Cerca de seis a oito semanas depois de adquirir a infecção pelo
HIV, o corpo começa a defender-se através da criação de anticorpos. O
desenvolvimento de anticorpos faz com que a quantidade de HIV caia, mas o
vírus ainda permanece no sangue, e nunca desaparece completamente. O
período conhecido como infecção aguda pelo HIV pode ser referido por
nomes diferentes, tais como infecção primária pelo HIV, síndrome
retroviral aguda e síndrome de infecção aguda pelo HIV. Todos os nomes
descrevem esta rápida fase imediatamente posterior à infecção pelo HIV.
Quais são os sintomas de infecção aguda pelo HIV?
A infecção aguda pelo HIV pode ou não ser acompanhada por
sintomas. Aproximadamente metade das pessoas infectadas com HIV
desenvolvem sintomas logo após a infecção. Tipicamente, os sintomas
ocorrem de 5 a 30 dias após a infecção inicial e podem durar cerca de
duas semanas, podendo durar por períodos mais curtos ou mais longos. Os
sintomas incluem:
• Febre (geralmente 38,3ºC ou mais)
• Fadiga
• Inchaço dos gânglios linfáticos
• Dor de garganta
• Perda de peso
• Dores musculares
• Dor de cabeça
• Náuseas
• Suores noturnos
• Diarreia
Ter estes sintomas não significa que a pessoa tem o HIV. Os
mesmos sintomas podem ocorrer com a gripe, mononucleose (mono),
infecções na garganta e outras doenças virais. No entanto, se o
indivíduo acredita que pode ter sido exposto ao HIV/Aids e está
experimentando alguns destes sintomas, deve fazer o teste.
Testes para infecção aguda pelo HIV
O teste mais comum é um teste que procura os anticorpos que o
corpo produz especificamente em resposta a infecção viral pelo HIV
(ensaio imunoenzimático EIA, também conhecido como Elisa). Estes
anticorpos podem não estar presentes no sangue durante várias semanas a
alguns meses após a infecção. Os testes rápidos de HIV, feitos no sangue
ou em fluidos orais, são testes de anticorpos. Outro tipo de teste de
HIV procura o próprio vírus (é chamado frequentemente de RNA do HIV ou
de carga viral). Este teste detectará o vírus e fornecerá um resultado
positivo logo após a infecção (em cerca de cinco dias). Por isso é um
teste importante para diagnosticar as pessoas recentemente infectadas
pelo HIV.
O exame de sangue normal de anticorpos de HIV (EIA) pode ter
resultado negativo ou indeterminado para alguém com infecção aguda pelo
HIV. No entanto, o exame de RNA de HIV terá um resultado positivo
durante a infecção aguda. Um resultado negativo ou indeterminado em um
teste de anticorpos do vírus e um resultado positivo em um teste de RNA
sugerem fortemente infecção aguda pelo HIV. Os testes EIA de HIV e
Western Blot, que geralmente são negativos ou indeterminados durante a
infecção aguda pelo HIV, comumente tornam-se positivos ao longo dos
próximos um a três meses. Se ambos os testes forem positivos, então a
infecção pelo HIV, provavelmente, ocorreu várias semanas ou meses antes
do teste.
O Laboratório de Pesquisa Clínica em DST/Aids do INI/Fiocruz, em
parceria com a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e o grupo
Arco-Íris estão disponibilizando um método de testagem que identifica a
infecção pelo HIV em estágio ultra precoce (RNA do vírus),
possibilitando dessa forma o diagnóstico prematuramente da infecção pelo
vírus e o inicio imediato da terapia antirretroviral combinada. O
inicio imediato do tratamento possibilita uma ação menos agressiva do
vírus no sistema imunológico do indivíduo além de proteger a propagação
da infecção.
Se a pessoa está preocupada com uma possível exposição ao HIV e
experimentou recentemente ou atualmente algum dos sintomas descritos, é
muito importante que você procure avaliação médica. Para quem tem HIV, a
intervenção precoce pode melhorar a longo prazo o estado de saúde. É
importante lembrar que os sintomas de infecção precoce pelo HIV são
semelhantes aos sintomas de outras infecções, incluindo o da gripe e
outras doenças sexualmente transmissíveis, como mononucleose e hepatite.
Experimentar estes sintomas não significa necessariamente que a pessoa
tem HIV, mas é importante descobrir a causa dos sintomas.
http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--218-20140727